terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Homenagem a Robert Burns Woodward pelo Nobel de Química (1965)

Fazia muito tempo que eu não postava aqui. Hoje, como os ganhadores do Prêmio Nobel de 2012 receberam suas premiações, resolvi postar um dos poucos vídeos que o Prof. Robert Burns Woodward fez. Ele foi ganhador do prêmio em 1965 e talvez um dos maiores Químicos Orgânicos Sintéticos que já existiu. O vídeo não tem uma qualidade muito boa, mas é possível perceber o brilhantismo do Prof. Woodward.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Zorro é Químico Orgânico!?!

Em uma aula de Química Orgânica (aula sobre açúcares) da Universidade de Michigan aconteceu uma cena (dramaturgia) hilária e muito bem feita com alguns alunos da classe. O vídeo dispensa comentários. O mais interessante é no final do vídeo a reação do Prof., ele tirou onda...rs. Assistam abaixo.
Reparem na quantidade de alunos nessa aula!

terça-feira, 27 de março de 2012

AuthorMapper

Recentemente, a Springer lançou uma ferramenta fantástica! O nome é AuthorMapper.
AuthorMapper é uma ferramenta gratuita e interativa desenvolvida pela Springer que visualiza áreas de pesquisa científica e tendências de uma forma fácil e refinada. Ela irá ajudar a comunidade de pesquisa científica, traçando autores, temas e instituições em um mapa do mundo, bem como identificar as tendências científicas através de gráficos de linha de tempo, estatísticas e regiões.
Integrando conteúdo e tecnologia de mapeamento, AuthorMapper fornece uma ferramenta easy-to-use interface, dinâmico, que permite:
- Localizar facilmente revisores, autores e especialistas em áreas afins;
- Executar uma variedade de consultas por palavra-chave, disciplina, instituição e autor;
- Descubra as áreas geográficas onde tópicos específicos estão sendo pesquisados;
- Identificar as tendências da literatura e novas histórico;
- Link e conectar diretamente para o conteúdo publicado;
- Descobrir relações mais amplas na comunidade científica;
- Beneficie de um artigo aumentada e visibilidade autor
.

Abaixo eu mostro uma pesquisa feita com a palavra "biocatalysis". É possível manipular o mapa, aproximar e ver mais grupos que estão ocultos. É fantástico!
Independentemente dos critérios de busca que emprega no AuthorMapper, você pode ver onde os autores dos artigos são baseados. Por exemplo, se você procura por proteína quinase, você pode ver que existem muitos artigos da América do Norte, mas nenhum da América do Sul. No entanto, se você procurar na categoria Ciências da Vida, você vai encontrar muitos artigos escritos por autores da América do Sul.
Usando o mapa, você pode ampliar para os países e cidades para descobrir quantos artigos existem. A técnica por trás do mapa emprega a filiação institucional de cada autor como um "geocode" que determina a colocação de artigos a serem encontrados no mapa.
Mesmo se você não usar o mapa, você pode usar a busca e procurar recursos para procurar artigos relacionados a palavras-chave específicas, autores, assuntos, revistas, anos, instituições e países. Todos os resultados são plotados no mapa e listados abaixo o mapa em formato padrão de resultados de pesquisa.

É possível explorar muita coisa. Espero que aproveitem!!! Coloquei o link acima!

domingo, 11 de março de 2012

Biocatálise em Líquidos Iônicos

A muito tempo eu queria falar sobre esse assunto (Biocatálise em Líquidos Iônicos) pois a maiorias das pessoas sabem que para se fazer uma resolução quimio-enzimática (resolução cinética enzimática), as enzimas se comportam melhores em solventes hidrofóbicos (n-hexano, por exemplo, logicamente que há algumas excessões).
Disponível em: link
Mas o que muitas gente não sabe, as resoluções enzimáticas podem ser conduzidas em líquidos iônicos!, e em muitos casos, com rendimentos e seletividades muito maiores do que em sistemas comuns.
Produtos de resolução cinética são extremamente importantes como blocos de construção de compostos mais complexos que tem a necessidade de grandes excessos enantioméricos.
A poucos anos atrás, com o advento dos líquidos iônicos e uso, muitos grupos começaram a empregá-los em resoluções cinéticas enzimáticas, substituindo os antigos (mas muito úteis) solventes orgânicos.
Um exemplo de um dos primeiros trabalhos publicados no OL em 2001 (veja aqui) que um grupo da Coréia do Sul aplicou 2 líquidos iônicos na resoluções de alguns alcoóis e comparou com dois solventes orgânicos (THF e tolueno).
Exemplos de compostos empregados na resolução enzimática.
Foi possível observar que os líquidos iônicos apresentaram uma maior seletividade frente as duas enzimas empregadas (Candida antarctica e Pseudomonas cepacia), mas é possível observar que nem todos os casos foi tão bom assim, principalmente com relação a taxa de velocidade reacional.
Resultados da resolução. Comparação com os solventes orgânicos.
Pode-se observar que a aplicações dos líquidos iônicos mostraram excelente seletividade, mas no entanto, ainda não existem explicações do por que esses líquidos são tão efetivos nessas reações, pois existem diversos fatores que afetam as resoluções, como: natureza do meio; taxa de difusão do substrato e do produto; conteúdo de água; estrutura 3D da enzima; imobilização; pH e temperatura.
Fica ai a questão. Muitos grupos por todo mundo estão trabalhando para resolver isso e em um futuro próximo, o emprego de líquidos iônicos serão uma realidade para a resolução em maior escala.

sábado, 10 de março de 2012

As moléculas que mudaram a história da Síntese Orgânica - Parte 2 - Síntese Total no Século 19

A Síntese Orgânica já vem sido praticada a muito tempo, no entanto, a Síntese Total é um pouco diferente.
O nascimento da Síntese Total ocorreu no século 19. A primeira síntese total concisa de um produto natural foi realizada em 1828 por Wöhler, o qual sintetizou a uréia (Figura 1) [1]. Significantemente, esse evento também marca o início da Síntese Orgânica como ciência, pois uma substânica inorgânica (cianato de amônio) foi convertido em uma substânica orgânica.
Alguns produtos naturais sintetizados no século 19.
A síntese do ácido acético a partir de carbono elementar realizada por Kolbe e 1845 também foi marcante para a Síntese Total [2]. Essa síntese foi históricamente importante pois em sua publicação em 1845, Kolbe utilizou a palavra "síntese" pela primeira vez para descrever um processo de montagem de uma substânica química a partir de outras substânicas. A Síntese Total da alizarina (1889) por Graebe e Liebermann [3] e o indigo por Baeyer [4] marcou a Alemanha no cenário da Síntese Mundial.
Após a uréia, a "mais" espetacular Síntese Total que ocorreu neste século foi a Síntese Total da (+)-glucose por E. Fischer em 1890 [5] (Figura 1). Essa Síntese Total é marcante devido não somente pela complexidade do alvo sintético, mas por ter incluído pela primeira vez um controle estereoquímico considerável. Com o oxigênio na estrutura monocíclica (piranose) e seus cinco centros estereogênicos (quatro controláveis), glucose  representa o estado da arte em termos de moléculas alvo no fim do século 19. Por suas contribuições, E. Fischer tornou-se o segundo ganhador do Prêmio Nobel de Química (1902) após J.H. van't Hoff (1901) [6].

Para leituras complementares, veja referências:
[1]. F. Wöhler, Ann.Phys. Chem. 1828, 12, 253.
[2]. H. Kolbe, Ann.Chem. Pharm. 1845, 54, 145.
[3]. a) C. Graebe, C. Liebermann, Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1869, 2 , 332 ; b) first commercial synthesis : C. Graebe, C. Liebermann, H. Caro, Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1870, 3 , 359 ; W. H. Perkin, J. Chem. Soc. 1970, 133 ± 134.
[4]. A. Baeyer, Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1878, 11, 1296± 1297; first commercial production : K. Heumann, Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1890, 23, 3431.
[5]. E. Fischer, Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1890, 23, 799 ± 805.
[6]. See brochure of Nobel Comm ittees for Physicsand Chemistry , The Royal Swedish Acade myof Sciences, List of Nobel PrizeLaureates 1901± 1994, Almquist & Wiksell Trycker i, Uppsala, Sweden, 1995.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

As moléculas que mudaram a história da Síntese Orgânica - Parte 1 - Introdução

  "Sua Majestade, Vossas Altezas Reais, damas e cavalheiros.
Em nossos dias, a química de produtos naturais atrai grande interesse. Novas substâncias mais um menos complicadas, mais ou menos úteis, são constantemente descobertas e investigadas. Para a determinação da estrutura, da arquitetura de uma molécula, temos hoje poderosas ferramentas. Os químicos orgânicos do início de século (1900) ficariam maravilhados com os métodos que temos agora em mãos. No entanto, não podemos dizer que o trabalho é fácil; a melhoria dos métodos faz ser possível o ataque a problemas cada vez maiores e difíceis e a habilidade da natureza em construir substâncias complexas, como visto, não tem limites.
No curso da investigação de uma complicada substância, o 'investigador' mais cedo ou mais tarde confronta-se com problemas de síntese, da preparação da substância por métodos químicos. Ele pode ter vários motivos para isso. Talvez ele quer checar a correta estrutura que ele encontrou. Talvez ele quer melhorar nosso conhecimento de reações e propriedades químicas da molécula. Se a substância é importante na prática, ele pode esperar que o composto sintético será menos caro ou mais facilmente acessível que o produto natural. Isto pode também ser desejável para mudar alguns detalhes da estrutura molecular. Ums substância antibiótica de importância médica é frequentemente isolado primeiro de um microrganismo. Normalmente existem um número de compostos relacionados com efeitos similares: eles podem ser mais ou menos potentes, alguns podem talvez apresentarem indesejáveis efeitos secundários. No entanto, esses compostos produzidos por microrganismos podem atuar para eles, como armas de defesa, mas para o nosso ponto de vista, como medicamento. Sé é possível sintetizar o composto, também pode ser possível modificar detalhes na estrutura e achar atividades mais potentes.
A síntese de uma molécula complexa é, entretanto, uma tarefa difícil: muitos grupos, todo átomo deve ser colocado na sua própria posição e o raciocínio para isso deve fazer sentido. É algumas vezes dito que a Síntese Orgânica é ao mesmo tempo uma ciência exata e uma fina arte. A natureza é de fato uma incontestável mestra, mas eu ouso dizer que o ganhador do prêmio Nobel de Química deste ano, Professor Woodward, é também."

Com essas elegantes palavras o Prof. A Fredga, um membro do comite do Nobel de Química da Acadêmia Real de Ciência da Suécia, procedeu a introdução de R. B. Woodward à cerimonia do Nobel em 1965, o ano no qual Woodward recebeu o prêmio pela arte da Síntese Orgânica.

Através dessa série de posts quero mostrar como a Síntese Orgânica passou a ser considerada uma das ciências mais elegantes e finas de todos os tempos. Mostrarei quais as moléculas que mudaram a história da Síntese e quais as pespectivas para o seu futuro.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Boicote a Elsevier!

Isso é extremamente importante para todos nos que vivemos de ciência.
Reportagem retirada por completo da Folha.com.


Um abaixo-assinado que critica as práticas de mercado da maior editora científica do mundo, a Elsevier, já tem mais de 6.200 signatários, a maioria pesquisadores de instituições públicas. O organizador do boicote contra a empresa, porém, está na iniciativa privada.
Tyler Neylon, 32 (imagem abaixo), diz que os altos custos de assinaturas de periódicos e o policiamento contra a livre circulação de artigos na internet prejudica as pequenas companhias que contribuem para a ciência e para a inovação.
Em entrevista à Folha, Neylon explica o que o motivou a começar o movimento.
Folha - O sr. está fora do meio acadêmico. O que o motivou a propor um boicote à Elsevier?
Tyler Neylon - Sou cofundador de uma empresa pequena e gosto de fazer pesquisa, mas não tenho como arcar com esses preços. Se eu quiser escrever um artigo sério, com cem citações, e o preço médio de periódicos científicos continuar em US$ 40 [cerca de R$ 68], faça as contas: eu teria de pagar US$ 4.000 [R$ 6.800] para submeter um único artigo. Se eu quiser assinar um periódico, o preço médio é US$ 22 mil [R$ 37,5 mil]. Mesmo eu tendo um doutorado hoje, fazer pesquisa é algo fora do meu alcance.
Você esperava que o abaixo-assinado ganhasse tanta força nas instituições públicas e universidades?
Bom, as pessoas que realmente têm influência são os professores universitários e eles estão mais a par de problemas como o dos NIH [Institutos Nacionais de Saúde dos EUA], que estão brigando pelo direito de abrir o acesso ao resultado de suas pesquisas. E esse é mesmo um problema importante, mas existem outros atrapalhando a pesquisa na iniciativa privada.
Como vocês esperam que a Elsevier reaja ao boicote?
A maior parte dos pesquisadores apenas quer abandonar completamente a publicação lucrativa e mudar para o acesso aberto, mas isso não é algo em que a Elsevier os acompanharia.
Uma coisa menos drástica que a editora poderia fazer é dar apoio a um projeto de lei de acesso público de pesquisa, que foi lançado há uma semana no Congresso dos EUA. Hoje eles apoiam outro projeto de lei, cujo objetivo é praticamente o oposto.

A Elsevier diz que não é contra o acesso aberto por princípio, mas alguém precisa pagar pelo processo de publicação e revisão.
A Elsevier precisa deixar mais clara a sua posição sobre o direito dos autores de publicar seus estudos em suas páginas pessoais. A política deles em relação a isso é muito confusa e contraditória. Uma coisa que eles poderiam fazer é adotar o modelo da Public Library of Science, uma editora científica que cobra os autores pela submissão de artigos, e não os leitores. Isso funciona porque autores que publicam em bons periódicos recebem benefícios em troca. E são sua universidades, em geral, que pagam essa taxa.
No meu caso, mesmo eu sendo um pesquisador independente em uma pequena empresa, eu preferiria pagar por isso --eles costumam cobrar uns US$ 1.000-- para publicar minha pesquisa, do que ter que arcar com os custos para fazer a pesquisa antes. No modelo da Public Library of Science, a motivação para pagar é colocada no lugar certo.
Uma das comunidades de pesquisa que mais aderiram ao documento é a dos matemáticos. Existe alguma diferença entre os matemáticos e os biólogos que os torne mais proativos na campanha pelo acesso aberto?
Eu não tenho como falar pelos pesquisadores de outras áreas. Talvez exista uma consciência maior na matemática, porque existe muita interação com as ciências da computação. Muitas pessoas na área têm consciência de quão fácil seria mudar todo o modelo de publicação científica. A única razão pela qual isso ainda não mudou é que alguns periódicos atuais ainda tem muito prestígio, e isso tem seu valor.
Vocês acham que vão afetar o prestígio de periódicos da Elsevier com o boicote?
Pelo menos três ganhadores da Medalha Fields --o prêmio para matemáticos que tem o mesmo peso de um Nobel-- já prometeram nunca mais publicar em periódicos da Elsevier. Timothy Gowers, Terence Tao e Wendelin Werner assinaram a petição. Em um dos periódicos da editora, um matemático anunciou que vai abandonar o conselho editorial. Então, acho que já estamos tendo algum impacto.
O abaixo-assinado não está tentando crucificar a Elsevier por uma prática que há em todo o setor de publicação?
Posso responder como isso ocorre na minha área: nenhum matemático recebe dinheiro para fazer revisão de artigos, e os editores dos periódicos também não são pagos. O fato de as editoras precisarem de dinheiro para organizar a revisão de artigos é verdade até certo ponto. Alguns periódicos têm editores e equipes pagos pela editora, mas na maioria das publicações não é assim.
Se tem tanta gente trabalhando de graça, por que não fazer isso dentro de uma plataforma em que o acesso aos artigos seja gratuito?
A razão pela qual nos concentramos na Elsevier e não na Springer ou na Wiley-Blackwell é que existe um consenso maior entre os pesquisadores que são contra as práticas deles. Muitos pesquisadores evitam esse tipo de confronto. Existe um tabu, um medo de se voltar contra publicações que têm prestígio. Se nós tivéssemos decidido incluir outras editoras, não sei se tantas pessoas teriam assinado a petição.