quarta-feira, 8 de junho de 2011

Aromaticidade - Conceitos básicos

Os primeiros exemplos conhecidos de compostos aromáticos, como benzeno e tolueno, tem cheiro característico. Esta propriedade levou ao termo aromático para esta classe de compostos, e daí o termo "aromaticidade" para a propriedade eletrônica posteriormente descoberta.
Aromaticidade é uma propriedade química na qual um anel conjugado de ligações insaturadas, pares de elétron isolados, ou orbitais vazios exibem uma estabilização mais forte do que a esperada devido apenas à conjugação. Também pode ser considerada como uma manifestação de deslocalização cíclica e de ressonância.
Geralmente considera-se que ela ocorre devido aos elétrons estarem livres para circular por arranjos circulares de átomos, os quais se ligam um ao outro por uma ligação simples e uma ligação dupla alternadamente. Essas ligações são comumente vistas de acordo com o modelo de anéis aromáticos desenvolvido por Kekulé. O modelo de Kekulé considera que as ligações consistem de um híbrido de ligações simples e dupla e que todas as ligações no anel são idênticas. Para o benzeno, o modelo consiste em duas formas de ressonância, que correspondem a ligações simples e duplas trocando de lugar entre si. O benzeno é uma molécula mais estável do que seria esperado, sem contar-se com deslocalização da carga.
Como é padrão para diagramas de ressonância, uma seta de duplo sentido é usada para indicar que as duas estruturas não são entidades distintas, mas meramente possibilidades hipotéticas. Nem é uma representação precisa de compostos reais, o que é melhor representada por um híbrido (média) dessas estruturas, que pode ser visto à direita. A ligação C=C é menor do que uma ligação C-C, mas o benzeno é perfeitamente hexagonal - todas as seis ligações carbono-carbono tem a mesma distância, intermediária entre aquela de uma ligação simples e uma dupla.
A melhor representação é aquela da ligação π circular (círculo interno de Armstrong), em que a densidade de elétrons é distribuída através de uma ligação π acima e abaixo do anel. Este modelo representa mais corretamente a localização da densidade de elétrons no anel aromático. As ligações simples são formadas de acordo com os elétrons entre os núcleos de carbono - estas são chamadas ligações sigma. Ligações duplas consistem de uma ligação σ e uma ligação π. As ligações π são formadas de sobreposição de orbitais atômicos p acima e abaixo do plano do anel. O diagrama a seguir mostra as posições destes orbitais p:
Por estarem fora do plano dos átomos, estes orbitais podem interagir uns com os outros livremente, e tornam-se deslocalizados. Isto significa que ao invés de estarem amarrados a um átomo de carbono, cada elétron é compartilhado por todos os seis no anel. Assim, não há elétrons o suficiente para formar ligações duplas em todos os átomos de carbono, mas os elétrons "extra" reforçam todas as ligações no anel igualmente. O orbitail molecular resultante tem simetria π.
Um composto aromático (ou composto de arilo ou arila, ou ainda, "arilcomposto") contém um conjunto de átomos ligados covalentemente com características específicas:
1. Um sistema conjugados de π deslocalizados, mais comumente um arranjo de alternância de ligações simples e duplas.
2. Estrutura coplanar, com todos os átomos contribuintes no mesmo plano.
3. Átomos contribuintes dispostos em uma ou mais anéis.
4. Um certo número de elétrons π deslocalizados que é um, número par, mas não um múltiplo de 4. Isto é, um número de 4n + 2 elétrons π, onde n = 0, 1, 2, 3, e assim por diante. Isso é conhecido como Regra de Huckel.
Considerando que o benzeno é aromático (6 elétrons, a partir de 3 duplas ligações), o ciclobutadieno não é, pois o número de elétrons π deslocalizados é 4, o que evidentemente é um múltiplo de 4. O íon ciclobutadienido (um íon de carga 2 -), no entanto, é aromático (6 elétrons). Um átomo de um sistema aromático pode ter outros elétrons que não fazem parte do sistema e, portanto, ignorado pela regra 4n + 2. No furano, o átomo de oxigênio é hibridizado sp². Um par de elétrons π não está no sistema e os outros estão no plano do anel (análoga à ligação C-H em outras posições). Há 6 elétrons π, então o furano é um composto aromático.
Moléculas aromáticas normalmente exibem uma estabilidade química ampliada em comparação às moléculas semelhantes não aromáticas. Uma molécula que pode ser aromática tenderá a alterar a sua estrutura eletrônica e conformacional para estar nesta situação. Estas estabilidade extra muda a química da molécula . Compostos aromáticos sofrem reações de substituição eletrofílica aromática e substituição nucleofílica aromática, mas não reações de adição eletrofílica como acontece com ligações carbono-carbono duplas.
Os elétrons π que circulam em uma molécula aromática produzem correntes de anel que se opõem ao campo magnético aplicado em RMN. O sinal de RMN de prótons não planos de um anel aromático é mantido substancialmente mais "campo abaixo" (sentido do campo, relacionado à corrente de anel) do que aqueles de carbonos sp² não aromáticos. Esta é uma importante forma de detecção de aromaticidade. Pelo mesmo mecanismo, os sinais de prótons localizados próximos do eixo do anel é mantido "campo acima".
Os compostos aromáticos são muito importantes para a indústria. Hidrocarbonetos aromáticos chaves de interesse comercial são benzeno, tolueno, orto-xileno e para-xileno. Cerca de 35 milhões de toneladas são produzidas em todo o mundo a cada ano. Eles são extraídos de misturas complexas obtidas pelo refino de petróleo ou pela destilação do alcatrão de carvão, e são utilizados para produzir uma gama de produtos químicos e polímeros importantes, incluindo estireno, fenol, anilina, poliéster e nylon.

domingo, 5 de junho de 2011

Cascas de Banana - Uma aliada ao Meio Ambiente

Que fazer com a casca de banana?  A resposta mais usual, salvo que alguém esteja rodando uma comédia, é jogar no lixo. Mas veja só como não estávamos aproveitando o potencial destes escorregadios detritos. As cascas de bananas podem ter um destino muito mais nobre e útil do que ir para o lixo, elas podem ser usadas para remover metais pesados – como o urânio!!! – da água. Além de ser uma alternativa para descontaminar o ambiente, o uso da casca de banana vai ajudar a diminuir o lixo gerado pelo próprio descarte da fruta, feito em grandes quantidades no Brasil.
Essa simples idéia foi merecedora do prêmio Jovem Cientista de 2006, onde a Química Milena Rodrigues Boniolo foi a ganhadora. A química conta que a idéia de usar a casca da banana para remover metais pesados da água surgiu da tentativa de dar uma destinação útil para as várias toneladas de casca que são descartadas anualmente no país e acabam se tornando lixo poluente. “É uma solução barata e fácil para problemas que afetam o ambiente”, destaca a pesquisadora, que conquistou este ano o primeiro lugar na categoria graduado do 22º Prêmio Jovem Cientista.
Por exemplo, ela explica, uma importante fonte de contaminação é a indústria de fertilizantes, que gera grande quantidade de subprodutos ricos em metais pesados. “Uma tonelada de fertilizante produz quase três toneladas de fosfogesso, material rico em urânio, metal altamente radioativo”, exemplifica. “Esse resíduo é geralmente estocado no subsolo e, com as chuvas, alcança os lençóis freáticos, os lagos e os peixes, até chegar ao seres humanos”, alerta.
Para desenvolver o estudo, Milena começou a pesquisa de forma doméstica, obtendo o concentrado da casca em sua própria casa. Preparou um pó com as cascas de banana. Durante uma semana, as cascas foram colocadas em uma assadeira no telhado da casa da pesquisadora, debaixo de sol forte. Depois de secas, elas foram batidas em um liquidificador e peneiradas. O pó foi colocado em um recipiente fechado com água contendo grandes quantidades de metais pesados, como o urânio, sob agitação constante, por 40 minutos. Segundo a química, a banana, que tem carga negativa, se combina com os metais pesados, que têm carga positiva. Ao fim desse processo de agitação, o pó contaminado deposita-se no fundo do recipiente. “Em média, o pó da casca de banana consegue remover 65% dos metais pesados da água, mas essa mesma operação pode ser repetida para que sejam obtidos índices mais altos.”
Milena, ressalta que anualmente, são desperdiçadas de 20 a 40% da produção de bananas do País. O projeto minimiza esse desperdício, reduz o descarte no meio e diminuiu gastos para os produtores, que têm que pagar do próprio bolso para retirar o material que se acumula e perde a possibilidade de venda.
Essa descoberta foi tema do Globo Reporter (veja o vídeo abaixo).
Como podemos ver, idéias simples podem ajudar o mundo a ser um lugar melhor para se viver, dessa forma, podemos perceber que muitas vezes os problemas que podem ser mais complexos, tem respostas e soluções simples, basta ter curiosidade e iniciativa.

I.G.R.