segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Palitoxina: De uma lenda a um marco na história


A molécula de hoje é a Palitoxina (Palytoxin), uma molécula realmente grande e com "poderes" também proporcionais. A palitoxina a possui fórmula C129H223N3O54, massa molecular de 2680,14 g.mol-1 e densidade de 1,378 g/cm3 (variando de espécie para espécie). É branca, amorfa, higroscópica e ainda não cristalizada.
Estrutura da Palitoxina
A Palitoxina tem uma história interessante, na verdade uma lenda havaiana. A lenda dizia que na ilha de Maui, perto do porto de Hana havia uma aldeia de pescadores assombrados por uma maldição. Sempre que um pescador ia ao mar ele não voltava e isso deixava os moradores perplexos. Um dia, enfurecidos por outra perda, os pescadores da vila desconfiaram de um homem que ali vivia. Eles capturaram esse homem e quando tiraram sua roupa ficaram chocados porque descobriram fileiras de dentes afiados e triangular dentro de enormes mandíbulas. Um deus tubarão tinha sido capturado. Ficou claro que os aldeões desaparecidos tinha sido comidos pelo deus em suas viagens para o mar. Os homens sem piedade mataram o deus tubarão, o queimaram e jogaram suas cinzas em uma poça de maré perto do porto de Hana. Pouco tempo depois, um musgo marrom espesso começou a crescer nas paredes da poça causando a morte instantânea de vítimas atingidas por lanças manchadas com o musgo. O musgo ficou conhecido como "limu-marca-o-Hana", que significa literalmente "algas da morte de Hana". Os havaianos acreditam que uma maldição viria sobre eles se tentassem coletar a alga mortal.

Tendo tomado conhecimento da lenda, os autores conseguiram chegar ao local consultando vários nativos da região e lá coletaram uma pequena quantidade da "alga", na verdade o zoantídeo Palythoa sp. Os habitantes da região ficaram extremamente excitados com o ocorrido, lembrando da antiga lenda e de como o local era considerado tabu. Na mesma tarde em que os autores coletaram o animal, um incêndio de origem desconhecida queimou o prédio principal do Hawaii Marine Laboratory na ilha de Coconut.

Palitoxina, é um dos venenos mais potente conhecido, só perdendo para a Maitotoxina (ainda não sintetizada), retirada do muco da cavidade de intestino de um zoantídeo (um tipo de coral) do gênero Palythoa, notavelmente da Palythoa toxica , Palythoa tuberculosa e palythoa sp. Caracteriza-se por ser uma toxina solúvel em água.

Sua determinação estrutural foi um marco na área de produtos naturais, tinha que ser né, pois o tamanho da estrutura realmente impressiona. Em 1971, os cientistas Paul J. Scheuer e Richard E. Moore, conseguiram isolar a Palitoxina através de uma coleta do zoantídeo do gênero Palythoa sp. e publicaram esses resultados na revista Science. Em 1989, Yoshito Kishi, da Universidade de Harvard, junto com um grupo de colaboradores multidisciplinares, chegaram à síntese do ácido carboxílico da Palitoxina, porém o grupo de Kishi só finalizou a sua síntese da Palitoxina em 1994. Por ser uma molécula muito complexa, a síntese total da palitoxina, proposta por Y. Kishi, possui 40 etapas com 17 intermediários até a síntese do ácido carboxílico. Após mais duas reações, a Palitoxina é finalmente sintetizada. Foram mais de 10 anos para que sua síntese fosse concluída, entrando para a história, pois a Palitoxina é o maior metabólito secundário sintetizado, além de possuir inúmeros estereocentros (64). Somente em 1982 a estrutura correta com todas os estereocentros atribuídos de forma absoluta foi publicada em uma série de quatro artigos (1,2,3,4).

domingo, 7 de julho de 2013

sábado, 27 de abril de 2013

Journal Selector: Find the journal that's right for you

Como sempre dizem, é bom escolher primeiro a revista que você quer publicar antes mesmo de realizar o trabalho, certo? Pode até ser, mas as vezes (99,9999% da vezes) as coisas não saem como imaginamos, principalmente quando se trabalha com ciências experimentais). Portanto, as vezes escrevemos um trabalho, mas não sabemos ao certo em qual revista publicar (muito comum) e isso pode ser um fator crucial para que o trabalho seja aceito ou não, pois se a revista não for escolhida de forma correta, a chance do trabalho ser negado e alta.
Recentemente, foi lançada uma ferramenta extremamente útil para auxiliar os pesquisadores na escolha da revista em que querem que seus trabalhos seja publicados, ou melhor, qual a revista que o trabalho mais se "encaixa". A fim de facilitar esse processo de identificação de periódicos, a empresa Edanz Group lançou uma ferramenta gratuita, disponível na internet, que identifica boas opções de revistas para publicação de artigos científicos específicos. O nome se chama Edanz Journal Selector.


Ao digitar o resumo, ou frases-chave, ela fornece uma lista de periódicos que publicam em áreas relacionadas ao tema da pesquisa relatada no artigo. Os usuários do serviço podem refinar os resultados da busca com base em critérios que julgam ser importantes para publicações nas quais gostariam de publicar seu artigo, como frequência de publicação, fator de impacto e modelo de publicação e até acesso aberto. O programa também fornece informações básicas sobre as publicações indicadas e uma lista de artigos relacionados ao tema pesquisado que a revista científica tenha publicado recentemente.

Eu testei, de fato é muito bom!!!! E como a própria empresa fala: "We significantly increase your chances of acceptance for publication".

Fonte: FAPESP

sábado, 20 de abril de 2013

10º Portuguese National Meeting of Organic Chemistry and the 1st Portuguese-Brazilian Organic Chemistry Symposium

Em setembro deste ano, ocorrerá um evento importante para a Química Orgânica, será o 10o Encontro Nacional de Química Orgânica e o 1o Simpósio Luso-Brasileiro de Química Orgânica, ambos organizados pela Divisão de Química Orgânica da Sociedade Portuguesa de Química.

Este evento será uma oportunidade para os Químicos Orgânicos do Brasil e de Portugal discutirem os avanços da Química Orgânica como novas metodologias sintéticas e síntese de novos produtos naturais. O evento ocorrerá na Faculdade de Farmácia de Lisboa da Universidade de Lisboa.
Estarão presentes os expoentes nomes da Química Orgânica brasileira e portuguesa além de "speakers" mais que renomados como Benjamin List (Max-Planck-lnstitut, Alemanha), Dean Toste (Universidade da Califórnia), Darren J. Dixon (Universidade de Oxford) entre outros.
Com certeza será uma grande oportunidade para conhecer novas pesquisas e fazer contatos.


quinta-feira, 18 de abril de 2013

DNAtube - Vídeos científicos

Pessoal, vasculhando um pouco a rede, achei um site (em inglês) muito legal e didático. Se chama DNAtube.com.


O DNAtube é, como o nome sugere, um site de compartilhamento de vídeos. Prima pela qualidade dos materiais apresentados e quantidade, embora esteja essencialmente vocacionado para as áreas da biologia e química/bioquímica. Vídeos excelentes, animações extremamente interessantes e até aulas inteiras sobre vários tópicos. E muito interessante.

Além disso, é possível fazer o download dos vídeos. Para isso, basta se cadastrar gratuitamente.

sábado, 30 de março de 2013

15th BMOS - Brazilian Meeting on Organic Synthesis

Já se encontram abertas as inscrições para o 15th BMOS - Brazilian Meeting on Organic Synthesis.


O BMOS é um evento organizado por grupos de pesquisa em Química Orgânica do Brasil e que conta com a presença dos mais notáveis pesquisadores do Brasil e do Mundo, possibilitando ao público participar de ótimos mini-cursos e palestras.
Essa ano, será a 15th edição do evento e será realizada na bela cidade de Campos do Jordão.
Esse ano, o evento contará com a presença de nomes como o premio nobel de 2005 o Professor Robert H. Grubbs (Caltech, USA), além de grande nomes da Síntese Orgânica, como os professores John F. Hartwig (UC Berkeley, USA), Richmond Sarpong (UC Berkeley, USA), Sarah Reisman (Caltech, USA), Tobias Ritter (Harvard University, USA) e Trevor Laird (Scientific Update LLP, United Kingdom).
A edição terá dois cursos:
1) Fundamentals of Asymmetric Catalysis, Marisa C. Kozlowski (University of Pennsylvania, USA).
2) Scale-up on Process Development, Trevor Laird (Scientific Update LLP, United Kingdom).
Esse último, possívelmente será bem parecido com o que o mesmo Prof. Trevor ministrou na última ESSO, ano passado aqui em São Carlos.
A maior novidade é que a prestigiada revista Tetrahedron publicará uma edição especial em comemoração as 30 anos do BMOS!
Espero ver os amigos da Síntese Orgânica em breve no BMOS.

Biocatalysis and Agricultural Biotechnology

Não existem muitos jornais que abordam o tema Biocatálise como as outras áreas, os mais conhecidos que são específicos da área são Biocatalysis and Biotransformation e o Journal of Biocatalysis & Biotransformation. Recentemente, a maior editora de artigos científicos do mundo, a Elsevier, lançou uma nova revista que aborda o tema, a Biocatalysis and Agricultural Biotechnology.


A revista publica artigos de alta qualidade especialmente na ciência e tecnologia de biocatálise, bioprocessos, biotecnologia agrícola, biotecnologia, biomedicina e, se for o caso, de outras áreas relacionadas com a biotecnologia. A revista visa ​​trabalhos de pesquisa básica e aplicada, opiniões autorizadas, e artigos de destaque.
O escopo do jornal abrange a pesquisa, industrial e aspectos do negócio de biotecnologia, incluindo as áreas de: biocatálise; bioprocessos, alimentação e agricultura, engenharia genética, biologia molecular, saúde e produtos farmacêuticos, os biocombustíveis, a genômica, a nanotecnologia, meio ambiente e da biodiversidade; e biorremediação.
Foram lançados até hoje apenas 2 números, mas da forma como a biocatálise está crescendo e cada vez mais artigos sendo publicados, mais revistas especializadas vão surgir.
Essa é uma boa dica para quem trabalha na área e quer divulgar o seu trabalho.


quinta-feira, 28 de março de 2013

A biocatálise tem vagas para o futuro

Notícia publicada dia 28/03/2013 no Boletim Eletrônico da SBQ.
Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)



Para a indústria brasileira como um todo, a mudança tem um longo percurso pela frente. A substituição de agentes catalisadores tradicionais por novos, que incorporem a característica "bio", ainda acontece em pequena escala no conjunto do parque produtivo. Mas por ser uma tendência inevitável, ela deverá se acentuar nos próximos anos, apoiada em fortes argumentos. Redução na geração e tratamento de resíduos poluentes, ganhos de produtividade na fabricação, e o atraente benefício de agregar ao marketing o compromisso com o meio ambiente. Os químicos e engenheiros a quem caberá essa tarefa nos próximos anos são os potencias candidatos ao minicurso "Biocatálise", programado para a 36ª Reunião Anual da SBQ. 

Indústrias químicas tradicionais da Europa e dos Estados Unidos utilizam tecnologias de biocatálise há pelo menos 30 anos, lembra a pesquisadora Cíntia Milagre, do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, responsável pelo minicurso. No Brasil, essa preocupação começou a tomar corpo há cerca de dez anos e "pode-se dizer que agora as indústrias estão buscando substituir os procedimentos convencionais", observa. 

Esse movimento se dá em um mundo onde os processos de síntese "verdes" têm se consolidado fortemente. Hoje, lembra, a produção mundial de acrilamida, que integra a cadeia de insumos para a indústria de plástico, estimada em 100 mil toneladas ano, emprega a biocatálise como tecnologia, adotada por fabricantes internacionais como a Mistsubishi Rayon, do Japão. Da mesma forma, o material de partida para a produção do complexo de vitaminas B é obtido através de biocatálise pela multinacional suíça Lonza. 

Fazer a substituição dos catalisadores tradicionais por enzimas exige investimentos que podem variar de acordo com a área de atuação ou tipo de produto final. O emprego de enzimas purificadas ou isoladas requer menores ajustes para o fabricante, enquanto o uso de células microbianas pode demandar novos instrumentos para fermentação e obtenção de biomassa. Pesam também nos investimentos as condições de esterilidade do produto, que podem ser menos rigorosas para se obter biodiesel, por exemplo, do que na produção de um medicamento. 

Fabricantes brasileiros de cosméticos e fármacos estão entre os principais detentores da tecnologia. No caso dos fármacos, alguns processos podem significar a vantajosa redução de custos graças à capacidade dos compostos biocatalíticos de atuar de forma seletiva eliminando o desperdício de insumos. 

Em geral, a formação em biocatálise, na universidade, é feita em cursos específicos na pós-graduação. O perfil do profissional que será requisitado pela indústria supõe uma formação multidisciplinar com base no tripé química, microbiologia e elementos de engenharia, explica Cíntia Milagre.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Técnicas de Química Orgânica - Extração Sólido-Líquido

Galera, aqui é o primeiro vídeo de uma série muito interessante produzido pelo nosso grupo de pesquisa com algumas técnicas empregadas em Laboratórios de Síntese Orgânica.
O primeiro vídeo é sobre Extração Sólido-Líquido.
Espero que aproveitem...vale a pena.

http://www.youtube.com/watch?v=BIQu9XP8Qo8

Créditos: Prof. Dr. Antonio C. B. Burtoloso