terça-feira, 24 de maio de 2011

Computadores Químicos - Uma forma não-convêncional de computação

Já pensou em fazer uma reação química e calcular o seu rendimento ao mesmo tempo. Claro que esse exemplo é estranho, mas pesquisadores do Reino Unido já estão construindo computadores que funcionam somente através de reações químicas!
Hoje, qualquer que seja a aparência da sua máquina, contudo, todos os computadores terão o mesmo genótipo: elétrons circulando através de pastilhas de silício.
Mas isso é comum demais para Adamatzky Andrew, professor de Computação Não-Convencional na Universidade de West England, na Grã-Bretanha, que está tentando construir computadores baseados em reações químicas. Esses tipos de computadores químicos são baseados na reação de Belousov-Zhabotinsky (BZ). Misturas de determinados compostos químicos formam algo que é conhecido como uma reação de BZ. Essas reações emitem ondas que se auto-perpetuam, que podem ser usadas para construir portas lógicas e realizar cálculos rudimentares. "Quando as ondas se chocam, elas podem morrer ou mudar de direção, e podemos interpretar isso como uma computação", explica Adamatsky.
Os pesquisadores descobriram que o computador é capaz de calcular o Diagrama de Voronoi de um conjunto de formas bidimensionais - uma tarefa que envolve essencialmente descobrir quais pontos em uma folha plana estão mais próximos a um determinado desenho.Parace simples, mas o esse tipo de diagrama têm uma ampla gama de aplicações, como o mapeamento da cobertura de uma rede de antenas de telefonia celular.
Os resultados foram obtidos inicialmente em uma simulação em um computador normal, de silício e elétrons, mas Adamatzky afirmou que sua equipe está preparando um artigo científico que detalha os mesmos resultados obtidos com os produtos químicos reais. É importante ressaltar que, no caso destes computadores químicos, trata-se unicamente de reações entre compostos. Há pesquisas bastante adiantadas no campo dos computadores biológicos, onde os cálculos são feitos dentro de células ou através da programação de bactérias, sem contar os neurocomputadores. O trabalho é parte de um amplo esforço para produzir computadores químicos, que Adamatzky afirma terem uma gama de aplicações: "Poderíamos construir computadores que sejam implantados no corpo humano", prevê ele.
Depois do computador quântico e do computador químico, o que mais pode vir?

I.G.R.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O Jovem Cientista e a Pesquisa Pura

 "Antevejo uma era difícil para a humanidade, quando um conflito de proporções catastróficas reescreverá a história. Esse conflito será movido por forças religiosas. Só então encontraremos a paz mundial".
John Wheeler, 2002.

Essa frase foi dita por Wheeler (criador do termo "buraco negro") em uma conferencia em sua homenagem. Ele se referia aos problemas que o mundo vem passando, das guerras, injustiças, fome, violência. O que a ciência deve fazer a respeito? O que um jovem cientista deve fazer a respeito?
Antes de mais nada, jamais fechar os olhos aos problemas do mundo, estejam eles próximos ou distantes. Um dos objetivos da ciência, talvez o mais importante deles, é aliviar o sofrimento humano. A cura de doenças, o desenvolvimento de tecnologias que melhorem a qualidade de vida das pessoas, que as permitam viver mais e melhor, alimentar-se mais e melhor, que permitam salvar o nosso planeta e a diversidade de vida nele, todas essas atividades são terreno da ciência e da engenharia.
Mesmo a pesquisa mais abstrata, que aparentemente tem pouco a ver com os problemas do mundo, serve à humanidade de modo necessário e imprevisível. Necessário porque temos o desejo de desvendar os mistérios da Natureza, de descobrir os seus segredos e, por meio disso, de entender melhor quem somos e por que somos assim. Imprevisível porque, mesmo que, de imediato, a pesquisa abstrata não guarde um vínculo óbvio com qualquer aplicação tecnológica, mais cedo ou mais tarde esses vínculos de materializam. Um exemplo é o estudo das propriedades dos átomos durante o início do século XX, que levou à revolução digital e aos usos (e abusos) da energia nuclear. Outro é a teoria da relatividade de Einstein, usada tradicionalmente no estudo das partículas elementares e da astrofísica e da cosmologia, mas que hoje encontra aplicações em dispositivos de GPS (sistema de posicionamento global) ligados a satélites, que determinam a latitude e a longitude de qualquer ponto no planeta com alta precisão.
Em qualquer área de pesquisa, o cientista desempenha um papel fundamental muito importante. Dado que a ciência, por meio de suas descobertas e aplicações, molda e define em grande parte a sociedade moderna, aqueles que detêm o conhecimento científico têm o dever de atuar no mundo, educando e orientando o público sobre questões que tenham impacto social e global.

Let's do Science!