quinta-feira, 28 de março de 2013

A biocatálise tem vagas para o futuro

Notícia publicada dia 28/03/2013 no Boletim Eletrônico da SBQ.
Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ)



Para a indústria brasileira como um todo, a mudança tem um longo percurso pela frente. A substituição de agentes catalisadores tradicionais por novos, que incorporem a característica "bio", ainda acontece em pequena escala no conjunto do parque produtivo. Mas por ser uma tendência inevitável, ela deverá se acentuar nos próximos anos, apoiada em fortes argumentos. Redução na geração e tratamento de resíduos poluentes, ganhos de produtividade na fabricação, e o atraente benefício de agregar ao marketing o compromisso com o meio ambiente. Os químicos e engenheiros a quem caberá essa tarefa nos próximos anos são os potencias candidatos ao minicurso "Biocatálise", programado para a 36ª Reunião Anual da SBQ. 

Indústrias químicas tradicionais da Europa e dos Estados Unidos utilizam tecnologias de biocatálise há pelo menos 30 anos, lembra a pesquisadora Cíntia Milagre, do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, responsável pelo minicurso. No Brasil, essa preocupação começou a tomar corpo há cerca de dez anos e "pode-se dizer que agora as indústrias estão buscando substituir os procedimentos convencionais", observa. 

Esse movimento se dá em um mundo onde os processos de síntese "verdes" têm se consolidado fortemente. Hoje, lembra, a produção mundial de acrilamida, que integra a cadeia de insumos para a indústria de plástico, estimada em 100 mil toneladas ano, emprega a biocatálise como tecnologia, adotada por fabricantes internacionais como a Mistsubishi Rayon, do Japão. Da mesma forma, o material de partida para a produção do complexo de vitaminas B é obtido através de biocatálise pela multinacional suíça Lonza. 

Fazer a substituição dos catalisadores tradicionais por enzimas exige investimentos que podem variar de acordo com a área de atuação ou tipo de produto final. O emprego de enzimas purificadas ou isoladas requer menores ajustes para o fabricante, enquanto o uso de células microbianas pode demandar novos instrumentos para fermentação e obtenção de biomassa. Pesam também nos investimentos as condições de esterilidade do produto, que podem ser menos rigorosas para se obter biodiesel, por exemplo, do que na produção de um medicamento. 

Fabricantes brasileiros de cosméticos e fármacos estão entre os principais detentores da tecnologia. No caso dos fármacos, alguns processos podem significar a vantajosa redução de custos graças à capacidade dos compostos biocatalíticos de atuar de forma seletiva eliminando o desperdício de insumos. 

Em geral, a formação em biocatálise, na universidade, é feita em cursos específicos na pós-graduação. O perfil do profissional que será requisitado pela indústria supõe uma formação multidisciplinar com base no tripé química, microbiologia e elementos de engenharia, explica Cíntia Milagre.

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